terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Cientistas defendem lei própria para regular atividade de pesquisa e inovação

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Cientistas lutam há mais de um ano pela aprovação de um código que crie mecanismos para estimular a aproximação entre centros de pesquisa e empresas privadas na concepção de novos produtos e processos produtivos. Projeto de lei com esse objetivo foi proposto pelo meio acadêmico ao governo, que enviou o texto ao Congresso Nacional no ano passado.
“É hora de o Brasil – que já tem Código de Trânsito, Código Penal, Código Florestal – ter também um código para a ciência, tecnologia e inovação. Isso vai ajudar o país a acelerar o seu desenvolvimento científico e tecnológico”, avalia o presidente do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), Mario Neto Borges. Em sua opinião, o código, que tramita simultaneamente na Câmara dos Deputados e no Senado, pode permitir maior inserção internacional da ciência feita no Brasil e aprimorar a fiscalização dos órgãos de controle.
Além do desenvolvimento científico, há perspectivas de ganhos econômicos. O projeto de lei cria mecanismos para estimular a aproximação entre centros de pesquisa e empresas privadas, para que, juntos, promovam a inovação.
Entre esses mecanismos, está o compartilhamento, com empresas privadas, de laboratórios, equipamentos, instrumentos e materiais hoje disponíveis nas chamadas entidades de ciência, tecnologia e inovação (ECTI) públicas (como as universidades e as unidades de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). De acordo com o projeto, as ECTI poderão ser remuneradas, bonificar os pesquisadores e celebrar contratos de transferência tecnológica.
O projeto de lei ainda autoriza a União, os estados, municípios e as agências de fomento a fazer “concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura” a ECTIs privadas com fins lucrativos. Empresas inovadoras poderão ser beneficiadas com subvenção econômica, financiamento, participação societária do Estado e encomendas para o desenvolvimento de tecnologia.
A flexibilização dos mecanismos de apoio e a parceria entre Estado e iniciativa privada são propostas bem vistas no meio empresarial e poderão ser decisivas para reverter a tendência de diminuição da importância econômica da atividade industrial. “A inovação é uma saída para a chamada desindustrialização”, opina Célio Cabral, gerente de Inovação do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) – vinculado à Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
Segundo ele, o país sofre processo prematuro de desindustrialização em função da invasão de produtos manufaturados importados a baixo custo, e a inovação pode reverter esse cenário, com redução de custo e diferenciação de produtos. “A inovação mostra-se como imperativo. Fazendo um paralelo, é como a qualidade total nas décadas de 1980 e 1990”, pondera Cabral. “É preciso gestão de inovação nas empresas. Temos que tratar a inovação de forma sistêmica e perene para que não seja uma iniciativa isolada”.
Ao tomar posse no mês passado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, defendeu o novo marco legal para o setor. “É necessária uma estrutura legal que possibilite a interação público-privada. Precisamos também aperfeiçoar o marco legal e incrementar  os mecanismos de incentivo à inovação para que mais empresas passem a realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento de modo crescente e contínuo”.
A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, tem avaliação semelhante e considera o código importante para melhor inserção econômica do país. “Ou mudamos as leis ou fica inviável competir”, apontou.
Há também a expectativa de que o código facilite a realização de contratos nas ECTIs públicas e a importação de insumos para a pesquisa, e assegure o acesso de cientistas brasileiros e de empresas nacionais ao patrimônio genético da biodiversidade no território brasileiro, tanto em pesquisas básicas quanto em estudos com finalidade industrial.

Investir mais em educação não garante resultados melhores, afirma OCDE

'Dinheiro não pode comprar um bom sistema educacional', diz entidade

Os países que mais investem em educação por aluno entre os 6 e os 15 anos não são necessariamente os que apresentam um melhor rendimento de seus estudantes, segundo uma análise do relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), divulgado nesta quinta-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). "O dinheiro sozinho não pode comprar um bom sistema educacional", destacou a OCDE em seu relatório "Pisa in Focus", que indica que os países que obtiveram melhores resultados nessas provas em 2009 são os que acreditam que "todas as crianças podem ter êxito na escola".

Segundo essa organização com sede em Paris, uma das chaves do sucesso dos sistemas educacionais é considerar que todos os estudantes podem ter êxito e não deixar que os alunos com problemas repitam de ano ou sejam transferidos a outras escolas, ou que sejam agrupados em diferentes turmas em função de suas habilidades. "Superado o nível de aproximadamente 35.000 dólares" de investimento por estudantes entre os 6 e os 15 anos em unidades monetárias harmonizadas, a despesa "não está relacionada com o resultado", indicou a OCDE.

A organização com sede em Paris citou como exemplo países que investem mais de 100.000 dólares por aluno, como Luxemburgo, Noruega, Suíça e Estados Unidos, e que obtêm resultados similares a nações que destinam a metade por estudante, como Estônia (43.037 dólares), Hungria (44.342) e Polônia (39.964).
Assim, os dois países que obtiveram os melhores resultados nas últimas provas Pisa (Finlândia, com 71.385 dólares; e Coreia do Sul, com 61.104) estão bastante distantes dos que mais investiram (como Luxemburgo, com 155.624 dólares acumulados por aluno; e Suíça, com 104.352). O Chile investe por aluno 23.597 dólares, mais do que o México (21.175), ambos acima de países "associados" à OCDE como o Brasil (18.261) e a Colômbia (19.067). Todos eles superam a Turquia, que, com 12.708 dólares por aluno, é a lanterna da lista de 33 estados-membros da OCDE.
Outro dos fatores cruciais detectados pela OCDE é que os países com os melhores resultados nas provas trianuais sobre compreensão de texto, matemática e ciências naturais são aqueles que mais investem em seus professores. Assim, os professores do ensino médio da Coreia do Sul e Hong Kong, ambos com excelentes resultados nas provas Pisa, ganham "mais do que dobro do Produto Interno Bruto (PIB) 'per capita' médio em seus respectivos países".
"Em geral, os países que alcançam bons resultados na Pisa atraem os melhores estudantes à profissão de professores, e lhes oferecem salários mais altos e um grande status profissional", indicou a OCDE. No entanto, essa organização precisou que essa relação entre professores e resultados não acontece entre os países menos ricos.
Fonte: Revista VEJA

As profissões que estarão em alta em 2012


Em tempos de crise, as empresas se armam e ficam mais cautelosas. Aumenta a demanda por profissionais que saibam gerenciar riscos, tenham muita capacidade analítica e busquem constantemente a inovação. Esse será o cenário em 2012, segundo Marcelo de Lucca, diretor executivo da consultoria Michael Page do Brasil. “O ano de 2011 foi muito positivo em relação ao mercado de trabalho, mas no ano que vem será preciso mais cautela. Uma das áreas com maior demanda será a financeira, que reúne funções que podem gerar receita adicional de uma outra forma, que não seja por vendas”, diz.
Os cargos mais buscados no setor financeiro serão o de gerente tributário, gerente contábil e business controller (suporte financeiro às áreas de negócio), de acordo com levantamentos da Michael Page e da HAYS, produzidos com exclusividade para Época NEGÓCIOS. O cargo de gerente tributário, segundo Lucca, será peça-chave nas companhias. A importância desses profissionais está na capacidade em fazer uma boa análise fiscal. “É uma área muito importante em função do conhecimento sobre o aspecto tributário do país”, afirma Lucca. Já o gerente contábil será essencial em um momento em que as empresas ainda estão se adaptando ao novo modelo contábil, o Internacional Financial Reports Standards (IFRS) – que passou a ser obrigatório no Brasil no final do ano passado.
O mercado de tecnologia continuará aquecido. Os cargos mais procurados serão o de arquiteto de tecnologia, gestor de serviços, programadores de J2ME (plataforma Java para dispositivos móveis) e gerente de Desenvolvimento de Sistemas.
O foco em sustentabilidade e o ritmo acelerado do pré-sal também colocarão em destaque os engenheiros dos mercados de energias renováveis e meio ambiente. E a Copa do Mundo de 2014 e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) pedirá por engenheiros de grandes obras de infraesturutura.
O levantamento revela ainda que haverá uma alta demanda por cargos gerenciais. A média de contratação para conquistar um posto de gerente, segundo Lucca, é entre 28 e 35 anos. “As empresas buscam um profissional que saiba se adaptar a cenários e situações diferentes e seja muito bom em lidar com pressão”, afirma.
Profissões em alta em 2012
Engenheiro de grandes obras de infraestruturaInvestimento em estradas e grandes estradas; foco no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e na Copa do Mundo
Engenheiro mecânico ou do mercado de óleo e gásConstrução de turbinas e equipamentos rotativos para gerar energia nas sondas de petróleo
Engenheiro de meio ambiente ou de mercado de energias renováveisDemanda em função do ritmo acelerado do pré-sal
Gerente de auditoria ou complianceCumprimento de normas legais, políticas e diretrizes estabelecidas pelo negócios e provisão de informações gerenciais relevantes para a tomada de decisões
Gerente de Recursos Humanos ou Business Partner (RH)Suporte a todas as necessidades da área: recrutamento e seleção, treinamento, desenvolvimento e projetos específicos
Gerente tributário/contábil/financeiro ou Business ControllerSuporte financeiro da empresa. Foco nas atividades de planejamento financeiro e controladoria
Gerente de marketing digital ou gerente de comunicação com ênfase em plataformas digitaisDomínio das mídias sociais. Conhecimento do mercado digital e gerenciamento da exposição de companhia, com experiência em marketing ou comunicação
Gerente/coordenador/técnico de crédito ou de riscosAvaliação e redução de riscos em um cenário macroeconômico global muito volátil
Gerente comercial de alta renda em bancos, luxo ou bens de consumoConhecimento do mercado de investimento para alta renda, luxo e serviços associados ao topo da pirâmide de consumo
Engenheiro mecânico ou do mercado de óleo e gásConstrução de turbinas e equipamentos rotativos para gerar energia nas sondas de petróleo
Gerente de Desenvolvimento de Sistemas, Arquiteto de Tecnologia ou Programadores de J2ME (plataforma Java para dispositivos móveis)Conhecimento de tecnologias para plataforma mobile, necessidade de aplicação do desenho estrutural tecnológico da companhia e busca por inovação
Fonte: Michael Page e HAYS Recruiting Experts Worldwide.
*O levantamento não foi feito em conjunto. Época NEGÓCIOS selecionou os cargos em comum enviados por cada companhia
Estudo investiga o pleno emprego no Brasil


Comunicado do Ipea nº 135 foi apresentado nesta quinta-feira, 16, às 10h, no Rio de Janeiro
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta quinta-feira, 16, o Comunicado nº 135 –Considerações sobre o Pleno Emprego no Brasil. O estudo foi apresentado por Maria Andreia Parente Lameira, técnica de Pesquisa e Planejamento do Ipea, e por Fernando Augusto M. de Mattos, professor e pesquisador da Universidade Federal Fluminense (UFF), na representação do Ipea no Rio de Janeiro (Auditório do 10º andar - Av. Presidente Antônio Carlos, 51 - Rio de Janeiro, RJ). Foram mediadores do evento o técnico de Pesquisa e Planejamento Roberto Pires Messenberg e o assessor da presidência do Ipea André Calixtre.
A dinâmica do mercado de trabalho no Brasil é o objeto de investigação do estudo. A intenção é verificar se a economia brasileira encontra-se em pleno emprego.

INDICADORES SOCIAIS DE 2010

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, em Novembro de 2011, o volume referente ao ano de 2010 da "Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira". O objetivo da publicação é possibilitar um conhecimento mais amplo da realidade social do país. São informações sóciodemográficas, organizadas tematicamente, dando continuidade à produção e sistematização de relevantes estatísticas sociais. As áreas com maior destaque são a educação, a habitação e saneamento, o desenvolvimento social, o mercado de trabalho e a saúde. Acesse o documento em pdf


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Caros leitores,

REVISTA POLÍTICA & TRABALHO acaba de publicar seu último número em
contém o Dossiê Temporalidades, uma entrevista com o Prof. Otávio Velho,
além de artigos variados e uma resenha. Convidamos você a navegar no
sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.

Agradecemos seu interesse em nosso trabalho,
Mónica Franch
UFPB



REVISTA POLÍTICA & TRABALHO
REVISTA POLÍTICA & TRABALHO - EDIÇÃO 34
Sumário
http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/politicaetrabalho/issue/view/1012

Ministro da Educação pode abrir processo administrativo contra servidor de universidade

Ex-diretor é acusado por supostas irregularidades na execução de convênios entre a instituição de ensino e o Instituto Universitas

Fonte | STJ 

O ministro da Educação tem poderes para determinar a abertura de processo administrativo disciplinar (PAD) contra servidor de universidade federal. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) fixou esse entendimento ao analisar mandado de segurança impetrado por um ex-diretor da editora da Universidade de Brasília (UnB), demitido por supostas irregularidades na execução de convênios entre a instituição de ensino e o Instituto Universitas.

A defesa do ex-servidor afirmou que o ministro da Educação não teria competência para iniciar o PAD, pois ele não era servidor do Ministério da Educação e sim da Fundação UnB. Sustentou que, segundo o artigo 143 da Lei n. 8.112/90 (Lei dos Servidores Públicos), a apuração de irregularidades não poderia ser feita por órgão ou entidade diferente daquele onde teriam ocorrido, a não ser que houvesse competência específica para essa finalidade.

Também alegou que o ministro só teria competência para instaurar PAD contra dirigentes máximos de fundação ou autarquia vinculada ao Ministério da Educação, e que o ato do ministro ofenderia a autonomia administrativa das fundações educacionais.

O relator do mandado de segurança, ministro Humberto Martins, asseverou que o artigo 141 da Lei 8.112 determina que é do presidente da República a competência para demissão de servidores. Contudo, essa competência é delegável, segundo o artigo 84 da Constituição Federal e os artigos 11 e 12 do Decreto-Lei 200/67.

O ministro relator destacou que o artigo 1º do Decreto 3.035/99 tratou especificamente dessa questão, delegando aos ministros de Estado a competência para julgar PAD e aplicar penalidades nos órgãos da administração direta, autárquica e fundacional a eles subordinados ou vinculados, “vedada a subdelegação”.

Já o parágrafo 3º do artigo 1º diz que a vedação não se aplica à subdelegação de competência, pelo ministro da Educação, aos dirigentes das instituições federais de ensino. “O referido parágrafo não pode ser considerado como uma excludente de competência do ministro da Educação”, afirmou o relator.

Mão dupla

“Se uma determinada competência pode ser delegada, automaticamente, esta poderá ser avocada, porquanto são dois institutos jurídicos conexos de ‘mão dupla’, em decorrência da própria disposição do princípio da hierarquia que estrutura a administração pública”, acrescentou o ministro.

Humberto Martins também observou que, no Decreto 3.669/00, o presidente da República – sem prejuízo do disposto no Decreto 3.035 – delegou expressamente ao ministro da Educação poderes para constituir comissão de sindicância ou instaurar PAD e julgar os processos em relação aos dirigentes máximos de fundações ou autarquias vinculadas ao ministério.

“Considerando que, por delegação de competência, cabe ao ministro da Educação julgar PAD e aplicar penalidades, há que se concluir que também possui competência pra instaurar o próprio processo”, observou. Não haveria portanto a alegada incompetência.

Para o relator, o artigo 207 da Constituição Federal, que estabelece o princípio da autonomia das universidades, não pode ser confundido com a total independência das instituições de ensino. “A universidade não se tornou, em razão do referido princípio, ente absoluto, dotado de mais completa soberania”, destacou.


MS 15165

Aprendizado

Universalizar pré-escola e ensino médio ainda é desafio

Taxa de atendimento nos dois níveis de ensino ainda estão abaixo do esperado, mostra relatório da ONG Todos Pela Educação

Nathalia Goulart
Arquivo/VEJA
(Arquivo/VEJA)
O Brasil possui um número elevado de crianças e jovens dentro das salas de aula, mas a universalização do ensino ainda é um desafio nacional. De acordo com dados divulgados nesta terça-feira pelo movimento independente Todos Pela Educação relativos a 2010, 91,5% dos jovens entre 4 e 17 anos estão na escola. Isso significa que 3,8 milhões ainda não têm acesso à educação, sendo que 2,9 milhões deles deveriam cursar pré-escola ou ensino médio. Enquanto o ensino fundamental atende 96,7% das crianças, as taxas da pré-escola e do ensino médio ainda deixam muito a desejar: 80,1% e 83,3%, respectivamente.
A região com menor oferta de educação é a Norte, onde apenas 69% das crianças entre 4 e 5 anos estão na escola. Também no ensino médio, a região aparece com o pior indicador: só 81,3% dos jovens de 15 a 17 anos estão na escola. O Nordeste, com atendimento de 86,3%, figura como a área com maior abrangência da pré-escola. O Sudeste apresenta o maior índice de inclusão no ensino médio: 85%.
"O problema vai além da ampliação do número de vagas. Temas como evasão e atraso escolar deverão figurar nas agendas políticas", afirma o relatório De Olho Nas Metas 2011, do Todos Pela Educação. De acordo com um estudo coordenado por Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), 67,4% dos jovens entre 15 e 17 anos que estão fora da escola dizem que a falta de interesse ou a necessidade de trabalhar os afastaram dos bancos escolares. "Fatores relacionados à oferta de educação, como falta de vaga e transporte escolar, foram apontados por somente 10,9% da amostra", ressalta o Todos Pela Educação.
Alfabetização – Outro ponto de destaque do relatório divulgado nesta terça-feira aponta para o fracasso da alfabetização durante os primeiros anos escolares. Para o cálculo, o Todos Pela Educação usa como base os resultados da Prova ABC.
Os dados mostram que, em média, 43,9% dos estudantes deixam o ciclo de alfabetização sem aprender o que deveriam em leitura. Na lanterna, estão as escolas públicas do Nordeste, onde a taxa chega a 63,5%. Em matéria de escrita, 46,6% não têm o desempenho esperado, sendo que nas unidades públicas nordestinas apenas uma em cada quatro crianças domina a competência. Em matemática, os números são ainda piores: 57,2% dos estudantes do país não conseguem fazer contas elementares de soma e subtração. Nas escolas públicas da região Norte, três em cada quatro crianças falham na tarefa.
Parte da explicação para esse cenário está no baixo atendimento da pré-escola, já que a educação infantil favorece a permanência do aluno no sistema escolar e tem impactos comprovados no seu desempenho acadêmico futuro. O relatório De Olho Nas Metas 2011 foi elaborado com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Ministério da Educação (MEC) e do Todos Pela Educação. Os dados são relativos a 2010.

Ensino fundamental

Municípios não atingem nem metas modestas de educação

Relatório da ONG Todos Pela Educação revela que maior parte das cidades está longe de ensinar o que deve a alunos em língua portuguesa e matemática

Nathalia Goulart
A língua portuguesa representa o maior desafio para alunos e professores no fim do primeiro ciclo do ensino fundamental, que se encerra no 5º ano (antiga 4ª série). Já ao fim do segundo ciclo, que se encerra no 9º ano (antiga 8ª séria), é a matemática que se torna um obstáculo. É isso que conclui o movimento independente Todos Pela Educação, que estabelece metas de aprendizado para alunos de todos os 5.557 municípios brasileiros.
De acordo com o relatório De Olho Nas Metas 2011, divulgado nesta terça-feira, em São Paulo, 52% das cidades do país não atingiram, em 2009, os objetivos determinados pelo Todos Pela Educação relativos ao desempenho de estudantes do 5º anos em língua portuguesa – as metas variam de cidade para cidade e levam em conta a situação prévia de cada uma delas. É uma péssima notícia, levando-se em conta que, em muitos casos, a meta já era modesta, como fazer com que os estudantes aprendessem ao menos parcela do que de fato deveriam.
Entre as 26 capitais, 18 municípios não atingiram suas metas, além do Distrito Federal. Em Maceió (AL), por exemplo, apenas 17% dos alunos do 5º ano detêm os conhecimentos mínimos esperados para esta etapa do ensino fundamental.
Já em matemática, 75,2% dos municípios brasileiros cumpriram as metas estabelecidas. Entre as capitais, todas evoluíram segundo o esperado. Contudo, mais uma vez é preciso considerar os dados com cautela. Macapá (AP), por exemplo, atingiu o objetivo para 2009, mas ele era modestíssimo: ali, só 13,2% dos estudantes detêm os conhecimentos mínimos esperados ao fim do 5º ano. Em Belo Horizonte, que também apresentou evolução satisfatória, pouco mais da metade (51%) ainda não sabe calcular adequadamente. Continue a ler a reportagem
Ensino Irregular Nacional - Cumprimento das metas de aprendizado pelos 5.557 municípios brasileiros
No fim do 9º ano, segundo ciclo do ensino fundamental, a situação é inversa: matemática é o bicho-papão dos estudantes. Mais da metade dos municípios, exatos 56,1%, incluindo 21 capitais e o Distrito Federal, não atingiu as metas previstas. Exemplos assustadores são Salvador (BA), onde apenas 5,4% dos estudantes do 9º ano dominam conhecimentos básicos na disciplina. Em Florianópolis (SC), que também não registrou avanço, só 16,7% dos alunos aprenderam o que deveriam ao fim do segundo ciclo do ensino fundamental.
Em língua portuguesa, 81,9% das cidades brasileiras ultrapassaram a meta imposta pelo Todos Pela Educação, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal. Outra vez, os resultados, embora alcançados, chamam a atenção pela modéstia. Em Recife, 15,5% dos concluintes do ensino fundamental têm um aprendizado adequado à sua série.
Metodologia – Os dados por municípios divulgados nesta terça-feira analisam o desempenho dos estudantes do 5º e 9º anos do ensino fundamental com base nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2009, elaborado pelo Ministério da Educação (MEC). Esses dados são cruzados com as metas estabelecidas pelo Todos Pela Educação.
Se todos os municípios atingirem os objetivos propostos pelo movimento ao longo da década, em 2022, cerca de 70% de todos os estudantes brasileiros terão um aprendizado adequado ao seu estágio escolar. A julgar pela prévia divulgada nesta terça-feira, é difícil acreditar que isso vá acontecer.

'Vamos começar pelo professor', diz Mercadante sobre projeto de R$ 180 mi que levará tablets a escolas públicas

Ministro promete dar dispositivo somente a escolas e professores preparados. É uma chance de evitar erros do projeto Um Computador por Aluno

Renata Honorato

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O governo federal desembolsará 180 milhões de reais na compra de 600.000 tablets para professores de ensino médio da rede pública. Os dispositivos, das marcas Positivo e CCE, custarão entre 272 e 278 reais por unidade e já estão sendo distribuídos em alguns estados. Para garantir o melhor aproveitamento dos tablets – e dos recursos –, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, promete distribuir os equipamentos somente a 52.000 escolas que contam com acesso à banda larga e a professores que passarem por um treinamento de 360 horas. "Vamos começar pelo professor, porque é muito mais seguro pedagogicamente", diz Mercadante, recém-empossado no cargo. É uma forma de evitar equívocos da gestão anterior no programa Um Computador por Aluno (UCA), iniciado em 2007, que levou 150.000 netbooks a escolas ao preço de 80 milhões de reais: houve casos de instituições que receberam máquinas mas não tinham sequer acesso à rede elétrica ou à internet e de professores quem mal sabiam ligar os dispositivos. É difícil aferir todos os resultados – negativos ou positivos – do programa. Isso porque o MEC ainda guarda a sete chaves a Avaliação de Impacto do Projeto UCA-Total,coordenada pela pesquisadora Leva Lavinas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Até o resumo do trabalho foi retirado do site da UCA (leia o resumo aqui). "Quem quiser saber mais sobre o assunto, deve procurar o ministro", disse Lavinas à reportagem de VEJA. Na entrevista a seguir, Mercadante afirma que a pesquisa sobre o impacto do UCA chegou, sim, a conclusões positivas. E comenta o novo projeto do MEC, que pode receber o nome de Um Computador por Professor.

USP é 20ª melhor do mundo segundo ranking on-line

Levantamento, promovido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha, leva em conta produção acadêmica disponível na internet

A Universidade de São Paulo (USP) foi apontada nesta segunda-feira a 20ª melhor instituição de ensino superior do mundo pelo Webometrics Ranking Web of World Universities, que classifica as instituições de ensino superior de acordo com a relevância de suas pesquisas disponíveis on-line. De acordo com o levantamento, a USP aparece à frente da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, 24ª colocada. O resultado, vale ressalvar, é bastante diferente de outras avaliações internacionais reconhecidas.
No levantamento anterior, divulgado em julho, a USP havia alcançado o 43º lugar. A universidade brasileira manteve o primeiro lugar na América Latina. 
Desde 2004, o ranking da Webometrics é divulgado duas vezes ao ano, nos meses de janeiro e julho. São analisadas cerca de 20.300 instituições de ensino. Promovido pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha, o ranking leva em conta, entre outros critérios, a visibilidade das universidades na internet, ou seja, as citações relevantes em publicações especializadas, além da quantidade e qualidade da produção acadêmica disponível na rede. 
Outras universidades brasileiras aparecem no ranking. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) ocupa o 71º lugar, enquanto a Universidade Estadual Paulista (Unesp) aparece na 122ª posição. A Universidade Federal de Santa Catarina (129º), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (171º), a Universidade de Brasília (194º) e a Universidade Estadual de Campinas (193º) também figuram entre as 200 melhores do mundo, de acordo com o Webometrics.
No topo lista, está a Universidade Harvard, que retoma a liderança, após ter sido ultrapassada em julho pelo Massachussets Institute of Technology (MIT), que nesta edição, aparece em 2º lugar. A Universidade de Stanford, a Universidade de Michigan e a Universidade da Califórnia (Berkeley) completam as 5 primeiras colocações. Todas as 16 primeiras colocações são ocupadas por instituições americanas.
Em outros rankings internacionais, a USP também tem ganhado espaço. No mais tradicional levantamento da área, realizado pela publicação Times Higher Education (THE) em outubro de 2011, a universidade brasileira figurou pela primeira vez entre as 200 melhores do mundo. A relação anual da THE, que utilizada dados da Thomson Reuters, é baseada em 13 indicadores, que vão do investimento em pesquisa ao número de publicações científicas e de doutorados e estudantes estrangeiros.