sábado, 10 de setembro de 2011

Acadêmicos do curso de medicina do UniFOA retornam de Moçambique

Fonte: Diário do Vale

"Muito mais que eu esperava". Foi assim que a acadêmica Elizabeth Moraes de Paula, do 9º período do curso de medicina do UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda) definiu a viagem missionária que ela realizou no início de agosto à cidade de Munguluni, em Moçambique, para participar, junto com um grupo de mais 24 pessoas, de uma missão do Instituto Adventista São Paulo. Preocupada com quem ia encontrar em um local tão distante, ela revelou que ao contrário do que imaginava encontrou alegria e bom humor. A missão teve o objetivo de proporcionar à população atendimentos à saúde, reformar o posto médico e a construção de uma igreja e contou com médicos, enfermeiros, advogado, engenheiro e até uma professora artística. A missão chegou ao fim com o retorno do grupo ao Brasil em 2 de setembro.

O grupo de ação social desembarcou em 15 de agosto, em Joanesburgo, e seguiu de ônibus numa viagem que durou cerca de 60 horas até chegar ao vilarejo. Os missionários foram recebidos com muita alegria e músicas, uma recepção com gosto de festa. Mas a realidade daquele povo não é tão feliz assim. Durante uma semana, o grupo realizou atendimentos médicos à população, reformou o posto de saúde e construiu uma igreja durante o dia. À noite, eram realizadas duas palestras, cada missionário realizava a palestra de acordo com a sua função e em seguida era realizado um louvor.

Durante os dias que esteve lá, Elizabeth pôde constatar que malária e a esquistossomose são as doenças que predominam na região.

- Mais de 90% da população contraiu malária e 80% das crianças têm esquistossomose, devido ao banho de rio. A esquistossomose é causada através de uma larva que o caramujo libera na água, que no caso é a mesma água em que o vilarejo toma banho, causando a famosa barriga d'água. E também constatamos em um diagnóstico rápido 11 casos de Aids - disse.

- A miséria é algo surreal - prossegue, contando que a situação em que as pessoas vivem vai muito mais além do que podemos imaginar.

- As pessoas que têm suas casas construídas por bambu e barro com telhado de palha não sabem o que é luxo. Eles vivem sem perspectiva de vida, o ensino na escola só vai até a 7° série e mesmo assim não são todos que vão às aulas. Trabalho é algo raro de conseguir, os que conseguem algum "bico" nas cidades vizinhas mantêm seus filhos nas escolas e dormem em uma esteira, para quem não tem esse privilégio tem que dormir direto no chão. A população vive do que planta, cultivam mandioca e feijão e criam galinhas. É com isso que eles sobrevivem - fala, emocionada, a estudante.

Sozinhas

Outro ponto apontado por ela foi que em um lugar onde a estimativa de vida é baixa as crianças aprendem desde cedo a viverem sozinhas. O posto de saúde, que foi reformado pelo grupo, atende em média de 20 a 30 pessoas por dia, mas existem casos que o paciente tem que ser transferido para o hospital em outra cidade, mas mesmo assim, muitas pessoas morrem pela falta de estrutura.

E mesmo com todos os motivos para ser uma população triste, o povo é alegre, canta e dança, sem se importar com a vida precária que levam. Uma grande lição de vida.

- Saí do Brasil com a ideia de que chegaria lá e além de realizar minha função no postinho iria dar carinho, amor e atenção àquela gente. Mas foi tudo ao contrario, depois do convívio aquele povo me ensinou a dar valor à vida e me mostrou que era eu que não tinha nada para oferecer a eles. Uma população que não tem quase o que comer vive numa felicidade que não sabemos explicar de onde vem, apenas contagia a todos em volta. Foi uma experiência muito importante para mim como pessoa - contou Elizabeth.

Essa missão foi uma iniciativa do Iasp (Instituto Adventista São Paulo) com parceria com a Adra (Agência Adventista de Recursos Assistencialistas). O grupo contou também com doações que receberam de amigos, parentes e do UniFOA. A partir de agora eles farão palestras para compartilhar o que foi vivenciado naquele vilarejo de Munguluni, na África do Sul.

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