segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Resultados das avaliações oficiais são subutilizados, dizem especialistas

Fonte: Portal O Aprendiz


Brasília — O Brasil já tem muitas avaliações externas de educação, mas agora é necessário aprimorar a utilização dos resultados. A conclusão é do debate “Avaliações externas e seu uso na gestão educacional”, realizado durante o Congresso Internacional “Educação: uma Agenda Urgente”, que acontece até esta sexta-feira (16/9), em Brasília (DF).

 “O Brasil está adiantado no contexto latino-americano sobre fazer avaliações. Mas elas devem avançar, para entender melhor os currículos pedagógicos”, avaliou o chefe da Divisão de Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Marcelo Cabrol.

A presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Malvina Tuttman, concorda. “Já temos muitos dados, mas será que temos avaliações? Sabemos que elas precisam ter julgamento de valor. Isso faz a distinção entre medir e avaliar. Que avaliações são essas quando divulgamos os dados sem antes fazer as análises?”

Há consenso de que existem dificuldades para os profissionais da escola se apropriarem e utilizarem as informações em benefício da aprendizagem. “As universidades precisam trabalhar a avaliação de dados durante a formação dos professores”, acredita a coordenadora da Unidade de Avaliação do Centro da Federal de Juiz de Fora (Caed/UFJF), Lina de Oliveira.

 “Por melhor que sejam feitas nossas pesquisas, metodologicamente falando, temos que descobrir como dialogar com esse professor”, reforça Malvina. “As nossas crianças, jovens, professores e escolas podem mais do que o resultado de qualquer avaliação”. A professora da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Delaine Bicalho, completa dizendo que “as avaliações externas devem ser instrumentos de trabalho na sala de aula”.

Existe falta de conhecimento inclusive sobre a existência de avaliações como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – a principal referência nacional sobre a situação da educação no Brasil. Recente pesquisa realizada pelas fundações Victor Civita e Carlos Chagas revelou que 47% dos coordenadores pedagógicos das escolas não têm clareza sobre o significado do índice.
A integrante da organização Parceiros da Educação, Maria Helena de Castro, pontua que as avaliações externas também têm problemas. “As matrizes de referência do Saeb [Sistema de Avaliação da Educação Básica], Prova Brasil e Enem estão bagunçadas, não têm coerência interna e precisam ser ajustadas”, ressalta.

Benefícios do avanço
 “Trabalhar o resultado das avaliações externas pode ajudar o professor em avaliação formativa durante o ano”, acredita Maria Helena. Para a consultora do Itaú BBA, Ana Inoue, é necessário combinar as avaliações externas com as provas feitas na sala de aula e na escola.

Se os dados forem utilizados corretamente, haverá possibilidades de constatar problemas e, então, poder agir pedagogicamente para suprir a falta, segundo o gerente de projetos do Instituto Unibanco, Vanderson Berbat.

Já a diretora do instituto de pesquisa Mathema, Kátia Smole, fez um alerta. De acordo com ela, as escolas não podem ter como foco apenas atingir altos índices nas avaliações externas. “Não devemos confundir a avaliação externa com avaliação da aprendizagem”, pontua. “O grande objetivo dessas provas é de oferecer um diagnóstico”, completa a diretora-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.

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